Nada contra a tristeza, os problemas e os momentos difíceis. Apesar de nosso foco ser a busca por uma vida feliz, não podemos ignorar a importância das adversidades para crescermos, nos desenvolvermos e, principalmente, entendermos o que é felicidade e darmos valor a ela. É graças aos momentos difíceis e aos sentimentos ruins que aprendemos maneiras de mudar positivamente nossa vida e sermos pessoas melhores.
Fala-se muito em combater a infelicidade, lutar contra a negatividade e destruir tudo aquilo que nos faz sentir mal, mas acredito que o verbo correto deveria ser outro: transformar. Ao invés de pensar em vencer aquilo que nos traz tristeza, vamos passar a ter a intenção de mudar.
Podemos ser capazes de mudar o mundo, as pessoas, o que acontece à nossa volta ou o clima de um ambiente onde não estamos sozinhos? Enquanto acharmos que são estes os fatores que nos causam infelicidade, não podemos. Precisamos mudar este conceito arraigado de que o problema está em fatores externo (dinheiro, tempo, o chefe chato, o lugar onde vivemos, os defeitos das outras pessoas) para pararmos de tentar mudar o que está fora de nós e entendermos que a única parte do universo que podemos transformar somos nós mesmos. É para isto que serve a pergunta:
O que há de errado com você?
Antes de responder, é preciso que você entenda que qualquer resposta que você dê a esta pergunta terá que te levar à mesma conclusão: você é o único responsável pela sua infelicidade (e, consequentemente, pela sua felicidade).
Alguns exemplos:
Você está em um relacionamento com uma pessoa bastante diferente de você. Com o passar do tempo, as diferenças começam a afetar o convívio e você expõe todos os motivos dos problemas apontando os defeitos do outro. Por mais que a pessoa realmente tenha imperfeições complicadas que realmente atrapalham a relação e isso esteja causando boa parte dos problemas, pergunte-se: o que há de errado comigo? Mesmo que você não acredite ser o culpado, leve para você a responsabilidade do que te traz infelicidade. Talvez a resposta seja que você não saiba aceitar as diferenças, não é muito tolerante ou é incapaz de aceitar tais defeitos.
A intenção não é culpar-se pelo problema, e sim se responsabilizar pelo que você está sentindo e, a partir daí, obter clareza sobre qual a melhor forma de agir.
Talvez o grande problema no seu trabalho seja o seu chefe. Ele acha que ser duro, tratar mal as pessoas e colocá-las sob pressão o tempo todo é o melhor método para a empresa crescer. Na verdade, isso só traz desmotivação para os funcionários. Mesmo sabendo disso, faça a pergunta. Pode ser difícil tirar o foco da outra pessoa (o chefe), mas você pode encontrar respostas como “eu não sou capaz de trabalhar bem em um lugar onde as pessoas estão sempre estressadas”, “não tenho habilidade para lidar com pessoas difíceis”, “não sou forte o suficiente para abstrair o que os outros dizem e me concentrar em meu trabalho”, “não consigo ficar quieto diante de coisas erradas”. Você nunca conseguirá mudar um chefe com personalidade difícil e pode até piorar as coisas se tentar, mas estas respostas podem ajudar a abrir um leque de possibilidades de mudança para você.
Você não está vivendo a vida que deseja nem realizando seus planos. Então coloca a culpa no salário baixo, na falta de tempo, no “olho gordo” que estão colocando em você, no lugar onde vive etc. O que há de errado com você? Será que não está focando nas coisas erradas? Ou talvez evitando se arriscar por medo e então usa estas outras desculpas para esconder que este é o verdadeiro motivo? Será que você não está estagnado porque te falta coragem para sair da zona de conforto?
Você comete sempre os mesmos erros: relaciona-se com as pessoas erradas, chega atrasado a todos os compromissos, sabota sua dieta, vai mal nos estudos, não consegue ir até o fim de nenhum projeto e diz que a vida é muito difícil ou que o universo não conspira a seu favor. O que há de errado com você? É preguiçoso, não é esforçado, não vê a si mesmo como uma pessoa que tem valor e merece coisas boas? Você nunca conseguirá mudar estes acontecimentos constantes se não descobrir a origem deles dentro de você.
Você vive estressado, angustiado, preocupado ou esgotado. Os motivos que você acredita que sejam os causadores: sofre pressão por todos os lados (no trabalho, em casa, da sociedade), ninguém te ajuda, tem obrigações demais e não tem tempo para relaxar. Todos fatores externos. O que pode ser a sua resposta para a pergunta sobre o que há de errado com você: eu me preocupo demais com o bem-estar dos outros e penso pouco em mim mesmo, ainda não aprendi a administrar bem o meu tempo, não consigo definir prioridades e sou desorganizado. Não te parece muito mais fácil e possível lidar com a segunda lista de motivos?
Enquanto colocar a culpa do que te faz infeliz em outras pessoas ou fatores externos, você não terá meios de mudar a situação e se livrar da infelicidade que ela te traz. A partir do momento em que altera seu ponto de vista e leva a responsabilidade do que está ruim para você, torna-se capaz de fazer o que for necessário para mudar. O que vem depois disso, é escolha sua.
Pode surgir uma resistência para entender tudo isso se você não conseguir parar de pensar que o que há de errado externamente é mais forte do que o que há de errado com você e, portanto, a culpa não é sua. Por exemplo: você fez a pergunta em relação ao trabalho e a sua resposta é que não tem capacidade de se sentir motivado trabalhando em um clima ruim. Então você pensa: não consigo entender como o que há de errado comigo pode ser a causa da minha infelicidade, continuo achando que a origem do problema está no ambiente ruim do trabalho, não em mim.
Este é o desafio. Você só consegue resolver um problema quando o assume como seu. Talvez a causa maior não esteja mesmo em você, mas, se quer mudar, precisa forçar-se a enxergar por esta perspectiva e abandonar a ideia de que é uma vítima dos fatores externos. Você só pode agir e mudar algo de verdade quando começa fazendo isso em si mesmo, olhando para você e mudando uma atitude sua.
fonte:http://desassossegada.com.br/
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